[Resenha] Perdida - Um amor que ultrapassa as barreiras do tempo - Carina Rissi

By Juliana Rovere - 18:40

A resenha hoje é de um livro que descobri, para variar, por acaso e que me surpreendeu muito. Já tinha lido algumas resenhas do "Procura-se um marido", da Carina Rissi, e em meio a tantos elogios eu não tive medo de arriscar. "Perdida", é um daqueles livros que devoramos e nos sentimos culpadas no final por ter lido tão rápido. Foi uma surpresa muito agradável ver que a Literatura nacional continua bem abastecida, principalmente no gênero romance.

Título: Perdida - Um amor que ultrapassa as barreiras do tempo
Autora: Carina Rissi
Número de páginas: 364
Gênero: Romance


Sinopse; Sofia vive em uma metrópole e está acostumada com a modernidade e as facilidades que ela traz. Ela é independente e tem pavor à mera menção da palavra casamento. Os únicos romances em sua vida são aqueles que os livros proporcionam. Após comprar um celular novo, algo misterioso acontece e Sofia descobre que está perdida no século dezenove, sem ter ideia de como voltar para casa – ou se isso sequer é possível. Enquanto tenta desesperadamente encontrar um meio de retornar ao tempo presente, ela é acolhida pela família Clarke. Com a ajuda do prestativo – e lindo – Ian Clarke, Sofia embarca numa busca frenética e acaba encontrando pistas que talvez possam ajudá-la a resolver esse mistério e voltar para sua tão amada vida moderna. O que ela não sabia era que seu coração tinha outros planos... “Perdida” é uma história apaixonante com um ritmo intenso, que vai fazer você devorar até a última página.

Sofia é definitivamente uma personagem cativante. Enquanto vive na cidade, em 2010, percebemos pouco sua personalidade, a não ser pelos seus pensamentos. Foi uma ótima sacada a obra ser em primeira pessoa. Ela trabalha em um escritório, não é muito de sair e tem uma melhor amiga: a Nina. Nina mantém um relacionamento com Rafa, e deseja se casar, mas Sofia abomina o casamento. Comparando a personagem do início ao final, é uma mudança e tanto! 

"Viver em função de uma única pessoa, como se sua vida só tivesse sentido com ela por perto? Acordar e olhar para a mesma pessoa todo santo dia! Sexo com somente uma pessoa pelo resto da vida! Ter que cuidar da casa, do marido, dos filhos, do cachorro, além de trabalhar... Não era um tipo de sentença de escravidão, pelo menos?" (pág 19)

Após deixar o celular cair na privada (eu já fiz isso!!!) em uma saída com Nina e Rafa, Sofia acorda, veste roupas simples: uma regata, uma saia e um all star vermelho e sai para comprar outro celular. O que ela não esperava era que aparecesse em seu caminho, uma "vendedora" bruxa macumbeira que sabia exatamente do que ela precisava.

"- É um aparelho muito especial - ela continuou. Não desgrudei os olhos da caixa. - Muito especial mesmo! Apenas algumas unidades foram fabricadas. É muito raro!
Ah, droga! Raro significa caro." (pág. 25)

E desse jeito, sem mais nem menos, ao tentar ligar  o celular, a mocinha vai parar em 1830! De saia e all star. Aí que começa a história de verdade. Carina soube conduzir muito bem o enredo, os costumes, as falas, tudo remete ao séc XIX. Já sei que a autora é fã de Jane Austen, o que explica sua facilidade em relatar em primeira pessoa cada detalhe da época. Além, de citara a autora no livro. Foi muito curioso ver que ela escondeu de sua história a escravidão, curioso e muito bonito. Afinal, no mundo ficcional podemos criar o que quisermos. Sofia conhece a família Clarke, e Ian que se torna um amigo e mesmo sem saber bem de onde ela veio, se compromete a ajudá-la. Sem perceber, cresce entre os dois um sentimento bonito, leve e nada forçado. Esse sentimento que fará Sofia se perguntar se realmente deseja voltar para casa. 

"- Eu estou...perdida. -O que mais eu poderia dizer? Escuta só, cara, eu acordei hoje de manhã no ano de 2010 e ,depois que tropecei em uma pedra meu celular criou uma espécie de supernova, eu vim parar, sabe Deus como, no século dezenove." (pág. 44)

Eu, como estudante de Letras fiquei fascinada com a capacidade de Carina utilizar um vocabulário pertinente a 1830, ao mesmo tempo em que Sofia utilizava as gírias do séc XXI. É hilário:

"- Olha, Ian, estou com tantos problemas que não dou a mínima para isso. Além do mais, se tudo der certo, me mando logo daqui, então não importa. Suas sombrancelhas se arquearam novamente. Apressei-me para explicar. - Caio fora. Dou no pé. Pico a mula. - A incompreensão ainda tingia seu rosto. -Vou embora, sacou? Digo, entendeu? (pág. 52)

Esse é só um dos trechos das confusões que a língua causa. Com o passar do tempo, ela vai se policiando para não deixar escapar um: "valeu", "arraso"," tô legal", e aí a protagonista me conquista de vez. E é muito difícil parar de ler. Todos os personagens são bem construídos: Ian, o legítimo cavalheiro do século XIX , Elisa, sua irmã doce e meiga, Teodora, amiga de Elisa que deseja casar com Ian, os criados (principalmente a Madalena que é uma fofa) e até mesmo o Storm. O cavalo arredio de Ian, que tem papel fundamental no romance dos dois e no final descobre-se o que exatamente ele é. O romance em si é bem coerente, Ian se apaixona pela menina diferente e luta para não a "desrespeitar" visto que em sua época as coisas eram de outra maneira. E Sofia, que antes não acreditava em nada do amor, se vê completamente apaixonada, descobrindo como uma outra pessoa pode mexer tanto com seus sentimentos e seu corpo, tem o empecilho de não ser dali, de saber que vai voltar para casa. É de cortar o coração algumas cenas, mas outras são de tirar o fôlego.

"Ele tinha razão, existia um nós. - eu não sabia dizer desde quando, mas existia. E era forte! Tão forte que, talvez, me quebraria em duas quando eu voltasse para casa. E eu sabia que voltaria, sentia que voltaria. E meu coração se despedaçaria." (pág. 159)



Confesso que não sou fã desses romances que são narrados bem intimamente, em que a narradora expõe detalhadamente cada toque, cada gesto e principalmente as partes que envolvem sexo. Não sou fã mesmo, mas Carina consegue fazer de uma maneira leve, Sofia é leve! Eu me encantei principalmente porque já tive all star vermelho haha, também sinto muita fome tipo Magali e tenho o gosto musical parecido com a da protagonista. 
Indico muito! E fiquei sabendo que ano que vem tem o filme de "Perdida", e mês passado foi lançado o "Encontrada", sim virou série!!
Já ouviram falar em Carina Rissi? E em "Perdida"?

PS: Nunca coloco tantas citações nas resenhas, mas dessa vez não aguentei, gostaria até de colocar mais. rs

Besos





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9 Comentários

  1. Adoro suas resenhas com resumos, assim fica mais fácil de conhecermos novas histórias antes de comprar o livro. Estou lendo "A Seleção", mas não tive coragem de ler nenhuma resenha para não arriscar saber o fim. hahaha.. Você já leu esse livro? Beijos
    www.thalimallmann.com

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  2. Oi Thali!
    Já ouvi falar muito de "A seleção".
    Ás vezes a resenha não entrega tudo, rs.
    Obrigada, beijinhos!

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  3. Ótima dica! Livro é sempre melhor que filme, mas eu sempre acabo vendo o filme primeiro rsrsrs bjoss
    www.carolmello.com

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  4. Oi Ju, tudo bem?

    Ainda não li nenhum livro da Carina, mas tenho Perdida aqui em casa. Na verdade, acabei de ler um conto de autoria da autoria que foi publicado no Livro dos Vilões. O conto dela é o melhor e mal posso esperar para ler um livro inteiro da Carina

    beijos
    Kel
    www.porumaboaleitura.com.br

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    Respostas
    1. Oi Kel!
      "Perdida", foi uma ótima surpresa. Leia que não vai se arrepender!
      Vou procurar o conto, não conhecia!
      Beijinhos

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  5. Tô com esse livro a maior tempão, mas fiquei com duvidas sobre ele. Agora vou ler. Adorei a resenha, bjs !!!

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  6. Quando vc irá me emprestar o livro??? Hahahahha.

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